1ª
Reunião Ampliada da Recid em 2013
“Se
as coisas são inatingíveis...ora!
Não
é motivo para não querê-las...
Que
tristes os caminhos, se não fora
A
mágica presença das estrelas.”
(Mário Quintana)
Com o objetivo de, a
partir da análise de conjuntura sobre os direitos humanos no Brasil, qualificar
o planejamento na Recid (nacional, macrorregionais e estaduais), bem como
definir as estratégias e passos para a construção da Política Nacional de Educação
Popular e a celebração dos 10 anos da Recid em 2013, nos reunimos na Cáritas
Brasileira – Brasília/DF, no período de 30 de maio a 02 de junho de 2013.
Inspirados e motivados
pela assertiva de Eduardo Galeano, que diz: “Recordar: do Latim re-cordis, voltar a passar pelo
coração”, relembramos as pessoas, as idéias e utopias, e os acontecimentos que
tramaram e construíram esta Rede ao longo dos seus 10 anos. Foi um momento de
fechar os olhos, relembrar nossa história e os muitos e muitas que idealizaram,
que empreitaram essa grande articulação, muitas vezes com sangue, suor e
lágrimas. Lembramos de João Santiago (CE/PR), de Isabel (Se), Chico (DF), Frei
Beto, equipe do IPF, Ana Gusmão (PE), entre outros/as tantos/as que se doaram e
continuam ainda nas lutas que entrelaçam a Recid. No campo das idéias e utopia,
relembramos que esta rede foi criada para “saciar
a sede de beleza”, para construir o poder popular a partir de uma educação
crítica, da dialogicidade, da gestão compartilhada que geram a transformação do
indivíduo em sujeito, porque “o povo que
ousa sonhar, constrói o poder popular” e efetiva o Projeto Popular para o
Brasil. Os nossos acontecimentos foram muitos Programa Fome Zero, elaboração do
nosso PPP, construção das cartas pedagógicas, I Encontro Nacional de Gestão, I
Encontro NE das Juventudes, I Encontro Nacional da Juventude Recid, Cirandas de
Educação Popular, e tantos outros realizados pela Rede destes 10 anos.
Ainda
em clima de mística, nos voltamos para os símbolos dispostos no centro do
circulo. Para fazer analogia á caminhada da Recid, aos seus inúmeros vôos, com
subidas e descidas rumo ao horizonte almejado, canalizamos nossos fogos
espirituais e de luta para fazer a pipa da Recid subir e subir, permanecendo no
alto, e com ela elevar nossos sonhos, intenções e realizações.
Depois de conhecermos
nossa programação, nos encontramos enquanto macrorregiões para realizar análise
de conjuntura, com recorte sobre a realidade dos direitos humanos e sociais no
Brasil e os desafios da Educação Popular, tendo como um dos referenciais o texto
de Paulo César Carbonari do Movimento Nacional de Direitos Humanos. O debate se
encaminhou, mas também se extrapolou, a partir das questões: Destaque de 02
ideias centrais do texto que dialogam com a realidade dos estados/regiões,
relato/observação de como os direitos humanos se expressam na nossa realidade,
e como aparecem nos planejamentos estaduais. Esse momento foi importante por
possibilitar um olhar sobre as atividades da Rede a fim de qualificá-las e
evidenciar o nosso trabalho em direitos humanos. Observamos que para a Rede os
direitos humanos são entendidos como indivisíveis, universais, interdependentes
e que devemos pautar e potencializar esse debate nos espaços de
militância/participação popular (fóruns, conselhos, comitês, conferencias) e no
trabalho de base.
Ainda
em análise da nossa conjuntura, participamos de uma roda de conversa com
Gabriel (Biel) dos Santos Rocha – Secretário Nacional de Promoção e Defesa dos
Direitos Humanos e depois seguimos para retomar o nosso Plano de Trabalho Recid
2013, por macrorregião e Círculos de Cultura sobre o olhar para os
planejamentos estaduais. Com isso produzimos um olhar coletivo sobre o processo
de planejamento, apresentando os desafios e ações centrais, avanços, limites e
lacunas, no que diz respeito a nossa atuação no recorte dos direitos humanos,
assim produzindo uma síntese nacional dos processos.
O nosso segundo dia de
encontro se configurou numa Conferência Livre, junto ao MEC, dentro da
Plataforma das Redes Sociais da 2ª CONAE. O iniciamos contemplando o vôo da
nossa “pipa” e refletindo sobre o que a ameaça e o que a faz subir.
O mote para este dia,
foi a discussão sobre a Educação Popular enquanto Política Pública e as nossas
táticas para pautá-la na CONAE. Para tal, começamos fazendo o resgate
histórico, retomando e contextualizando o processo assumido pela Recid nestes
10 anos e depois colocamos na roda as problematizações e reflexões em torno
desse grande desafio, que é construir uma política nacional de educação
popular, assunto este mediado pelos intelectuais, Moacir Gadotti (IPF) e
Osvaldo Bonetti (MS), que, a partir de suas experiências, foram indicando
caminhos para institucionalização do nosso ser/fazer pedagógico/metodológico em
política de Estado. Algo que ainda não chegou ao coração de todos que formam o
coletivo múltiplo e diverso desta rede.
Em seguida, Arlindo
Queiroz (MEC) trouxe o contexto da 2ª CONAE, com enfoque para a Educação
Popular, o que nos direcionou para criar táticas de atuação para dentro da
conferência. Então fomos aos grupos trabalhar o seguinte:
O que a Recid
compreende por uma Política de Ed. Popular?
O que a Recid quer
disputar com a política?
Que estratégias para
avançar na sua construção?
Estratégia da Recid na
CONAE?
Concluindo este debate
nos trabalhos de grupo, apresentamos os acúmulos e fizemos as amarrações finais
em plenária.
Finalizamos este dia
com a já tradicional noite cultural, animada por um trio de nordestino que a
conduziu com muito forró, risos e poesia.
O nosso último dia de
encontro, já com gosto de saudades, foi destinado ás idéias de comemoração e
celebração dos 10 anos da Recid. Começamos com o relato da síntese dos
trabalhos do dia anterior e depois nos aproximamos, ainda mais, aos nossos
pares para cochichar sobre o que os estados estão pensando/realizando para este
ano tão significativo. Dos cochichos, e a partir das questões, frutificaram as
seguintes idéias:
·
O
sentido da celebração dos 10 anos da Recid é...
Caráter
de fazer memória, balanço dos avanços e conquistas dos 10 anos
·
Não ter apenas a celebração, mas que
seja um momento de revisão da história e de pensar os próximos 10 anos.
·
O sentido celebrativo é fazer homenagem
a todos educadores/as que passaram pelo espaço da Rede;
·
Fazer memória daqueles/as que estiveram
conosco e estão no plano espiritual;
·
Dar visibilidade às ações da Rede;
·
Fazer memória de ações significativas
neste tempo, com o olhar para a caminhada e ver que legado ela deixa enquanto
contribuição quanto ao projeto popular.
·
Retomar e avaliar a caminhada – longa
caminhada, muitos avanços e discussões – o que a Rede fomentou – onde estão as
pessoas; o que a Rede significou e significa para estas pessoas – as marcou e
marca hoje na sua atuação nos diferentes espaços?
·
Aproveitar o mote dos 10 anos, para
fazer uma discussão sobre a atualidade do Projeto Popular e o modelo de
desenvolvimento que a gente quer construir junto a outros movimentos;
celebração e análise em torno do que avançamos e do que acredita que pode
avançar mais.
·
Os 10 anos da Recid se situam no campo
do balanço de outras tantas ações: 10 anos de Governo, 10 anos do Mova Brasil,
10 anos da Seppir, 10 anos da educação popular e saúde; 10 anos do Brasil de
Fato.
·
Que não seja apenas 1 dia de formação,
mas de celebração e dar visibilidade para a Rede;
·
Criar pequenos vídeos sobre o que a Rede
fez e que impacto na vida das pessoas;
·
Os 10 anos representam a luta, a
resistência, construção coletiva e a “nascitura” de uma Rede pé dentro e pé
fora.
Enquanto
propostas no plano estadual, macro e nacional:
Estadual
·
Que no processo da realização das
Jornadas considere os momentos celebrativos e de homenagens;
Macro
·
As celebrações estaduais culminem nos
encontros macros.
·
Oeste realizar novamente o Ocupa
Centro-Oeste, em setembro, no encontro o tema: Conquistas da Recid frente ao
modelo neodesenvolvimentista.
·
Realizar 10 dias comemorativos, em
sintonia, simultânea em todo país, com atividades de rua: agitação e
propaganda, em torno do modelo de desenvolvimento para os próximos 10 anos –
conquistas, desafios e perspectivas do novo ciclo que está começando.
Nacional
·
Teatro do Oprimido, se for realizado no
tempo previsto, pensar uma peça sobre os 10 anos;
·
Resgatar os educadores que passaram pela
Rede e fazer vídeos com perguntas memória: o que a Rede significou para
eles/elas?
·
Ato junto à outras políticas que também
estão celebrando 10 anos, chamando um seminário para fazer balanço destas
práticas e não apenas da Recid.
·
Celebrar com um ato na Conae.
·
Pensar noites comemorativas mais
temáticas na Ciranda.
·
Criar Dia “D” de ações simultâneas de
celebração e lutas em todo país . Proposta de ser “Ocupa Brasil”, cartas
pedagógicas para serem distribuídas neste dia. “Ocupa Proposta de que o “Ocupa
Brasil” seja realizadas, dia 19 de setembro, uma audiência Pública, convidando
outros parceiros, sobre a Política Pública de Educação Popular . Proposta de
data 19 de setembro (aniversário do Paulo Freire, patrono da Educação
Brasileira).
·
Desenvolver uma estratégia de atuação
das Redes Sociais, nos 10 anos da Recid – o que ela acumulou e o que ela
defende, dando visibilidade às ações e às pautas do campo popular –
democratização da comunicação, Campanha contra a redução da idade penal,
campanha nacional pela liberdade para expressar, despolitização da educação
pública.
·
Festival de cultura popular.
·
Pensar uma matéria no Brasil de Fato,
sobre os 10 anos, com recorte para a contribuição da Recid no projeto popular.
·
Ato celebrativo na Ciranda.
·
Fazer vivência celebrativa, no contexto
da educação popular, com a dimensão da cultura popular, em Angicos, na
celebração dos 50 anos da experiência de Angicos, celebrativo junto ao povo.
Como últimos
acontecimentos:
·
CAMP apresenta balanço geral do último
convênio e os resultados da gestão da informação, da proposta da cartilha
Educação Popular e Direitos Humanos;
·
Acompanhamento, monitoramento e
avaliação do atual convênio com ênfase nos estados, apresentação do Caderno de
Gestão, em linhas gerais (Marcel);
·
Organicidade: Solicitação dos nomes de
referências estaduais da gestão, comunicação e pedagógico.
Encerramos a reunião
com a avaliação do encontro e celebramos, mais uma vez, o fogo que somos, e o
doamos em forma de beijo aos/às nossos/as companheiros/as.
Recid
Ceará – Gt Pedagógico.